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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

IV ESPACULT - Memória e Afro- descendência


No primeiro dia, ocorreu a conferência de abertura presidida pelos membros do Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) da Cáritas Diocesana, do Crato-CE no pólo de atendimento da Secretaria de Trabalho e Ação Social. A palestra contou com um público grande, maior que o esperado, alunos da Escola de Formação Profissional Balbina Viana Arrais de Brejo Santo- CE, da Faculdade Anhanguera de Juazeiro do Norte-CE, a Escola Aristarco Cardoso, a Escola Nossa Senhora da Conceição em Porteiras-CE, além da Comunidade Quilombola dos Sousa e os cidadãos de Porteiras fizeram parte desta palestra. Com o tema: Memória e Afro-descendência, a palestra ocasionou em uma participação da maioria dos ouvintes que se faziam presente, além de proporcionar diversas discussões e apresentações de vídeos. Neste momento, aproveitando o evento, ocorreu o lançamento da cartilha “Caminhos: mapeando as comunidades negras e Quilombolas do Cariri cearense” sobre a valorização negra no Cariri, trabalho realizado pelo GRUNEC. 




O evento contou também com uma visita à comunidade quilombola dos Souza, localizada na zona rural de Porteiras, no alto da Chapada do Araripe. Estudantes, professores e demais participantes conheceram a comunidade e dialogaram sobres as vivências e dificuldades presentes no lugar. Em seguida, e no mesmo dia, ocorreram visitas monitoradas a Casa de Memória de Porteiras (CMEP). 
 









Naquele mesmo dia, os participantes puderam contar com a abertura de uma exposição temporária no museu sobre as comunidades negras rurais e quilombolas do Cariri cearense. Intitulada “Memória e Afro-descendência”, a exposição foi montada com iconografias do cotidiano das comunidades, o que elucidou suas práticas de luta, fé e trabalho.
A noite foi marcada por um momento cultural com uma roda de samba na Praça da Liberdade, dança esta que atraiu muitos curiosos e a atenção daqueles que passavam por ali, mostrando para os presentes um pouco da cultura que, até hoje, é tão mal vista pela maioria das pessoas. 














No sábado, dia 21, a manhã, da 8h ás 11h, fora marcada pela realização de cinco oficinas, tendo como ministrantes destas o professor Ms. Cícero Joaquim dos Santos com a oficina intitulada “Museu, Memória e Ensino da História”, a professora Márcia Daniela Medina Artesanato com tecidos (fuxico), além do Gledson Alves Costa, cursando mestrado em Desenvolvimento Regional Sustentável na Universidade Federal do Ceará- UFC, com a oficina” Turismo Cultural e Desenvolvimento Regional”, “A Literatura, o Cinema e a Televisão: Construtores de Significados e Comportamentos” tendo o aluno Marcos Manoel Severiano, graduando em História na Universidade Regional do Cariri- URCA, como ministrante e por fim a “Confecção de Máscaras Infantis” organizada pelo REMOP (Retratores da Memória de Porteiras).


Criação da Casa da Memória de Porteiras- Ce


A partir das experiências obtidas com a mobilização popular desencadeada com os ESPACULTs e das reivindicações da população, o REMOP sentiu a necessidade da criação de um espaço permanente de reflexão sobre o passado e o presente, e de suas referências culturais por meio da cultura material de tempos diversos.
No início de 2007, o grupo lançou a Campanha Casa da Memória de Porteiras. Com o apoio do IMOPEC e da Prefeitura Municipal, a campanha envolveu a população das diferentes localidades do município e promoveu entusiasmo e participação popular. 

O povo fez doação de objetos que fizeram parte do seu cotidiano em tempos passados, que haviam guardados em velhos baús ou ainda que faziam parte do seu dia-a-dia no tempo presente.
Esse foi um caso raro de jovens que impulsionaram um movimento que levou os moradores do município a construírem, juntos, seu espaço museológico, não enquanto um lugar de “velhos artigos”, mas de referências identitárias. Nesse caso, não foram políticas públicas que mobilizaram a população, mais as ações dos jovens do REMOP em seu processo de organização, luta, reivindicação e conscientização popular.
A inauguração do equipamento cultural, ocorrido na manhã do dia 21 de setembro, empolgou o povo de Porteiras e intelectuais cearenses. Ele foi resultado de um longo processo de organização e amadurecimento do grupo.  Também do planejamento da idéia já difundida pelo IMOPEC.

 

ESPACULT - Reação dos Porteirenses


No decorrer das ações dos jovens do grupo REMOP, percebeu-se que uma das questões centrais para essa identificação da população foi o auto-reconhecimento dos porteirenses e a elevação de sua auto-estima, no que diz respeito aos bens da cultura local, visto que encontravam, nas exposições culturais, nos debates e nas encenações artístico-culturais, fotografias, objetos e outras formas de registros sobre seus familiares e amigos. Dessa forma, ao se perceberem refletidos em um evento cultural que envolvia a todos, reforçaram seus elos de pertencimento ao torrão natal e a sua comunidade, como também ao conhecimento do passado e a valorização dos bens culturais.

  

Espaço Aberto a Cultura -Ação Remop


Dentre as ações promovidas pelo REMOP que mais causaram impacto, a realização do ESPACULT (Espaço Aberto à Cultura) obteve destaque.  Este evento teve sua primeira edição na noite do dia 26 de novembro de 2004 com o tema “Porteiras: Arte e Memória”. Nesse momento, as crianças, jovens, adultos e idosos participaram do evento que constou na exposição cultural, com: fotografias dos lugares de memória e objetos do cotidiano, apresentações de dança, teatro e um concurso de redação e poesia com os estudantes porteirenses.
De 09 a 11 de março de 2006, a realização do II ESPACULT movimentou toda a população. Com o apoio do IMOPEC, o evento aprofundou o tema “Porteiras: Memória e Patrimônio Imaterial” e representou um marco para o povo de Porteiras. A promoção de diferentes atividades, em diversos locais da cidade, como: exposição cultural, seminários e oficinas teóricas e práticas, mobilizou os vários grupos sociais, despertando-os para a necessidade de valorização, registro e preservação de seu patrimônio.
. Nos dias 21 e 22 de setembro, ocorreu a 3ª edição do ESPACULT que abordou a temática “Porteiras: Cultura Material e Memória Social”. O evento continuou com a realização de oficinas e debates. Por sua vez, seu momento mais marcante foi a inauguração da Casa da Memória de Porteiras, equipamento cultural construído coletivamente pela população da localidade.


Trajetória do Remop

           
               No Cariri cearense, entre os anos de 2004 a 2007, um grupo de jovens passou a atrair a atenção de agentes culturais e da mídia local e estadual em decorrência de suas ações voluntárias destinadas ao reconhecimento e valorização das referências culturais do seu lugar de origem: os integrantes do Grupo Retratores da Memória de Porteiras (REMOP).
O descaso para com o patrimônio cultural refletiu-se na falta de incentivo a pesquisas locais e na ausência de livros que tratassem dessas questões, o que gerou ignorância quanto ao passado.
Nesse contexto, em oposição à desvalorização do passado e do patrimônio cultural, surgiu, em fevereiro de 2004, o Grupo Retratores da Memória de Porteiras – REMOP. Este grupo de voluntários foi composto inicialmente por 10 jovens, estudantes secundaristas, universitários e professores de Porteiras. Ele surgiu do contacto de seus membros com o Instituto da Memória do Povo Cearense – IMOPEC, que passou a capacitá-los através do Curso de Formação à Distância sobre Memória e Patrimônio Cultural do Ceará.